HERÓIS, MAS COM PENA
Num dos comentários a um post, fala-se da questão de se "conhecer ou não o autor" e as consequências que daí surgem, para a credibilidade do mesmo. Permitam-me que opine, por experiência. A maioria das pessoas preferiria NÃO CONHECER os autores. Embora acredite no contrário. Enquanto se lê um texto que consideramos extraordinário temos tendência a transportar essa carga de maravilhamento para o seu/sua autor/a. Gostamos de acreditar que só uma pessoa especial nos poderia ter provocado aqueles sentimentos. Ora, na minha opinião, a carga de excepcionalidade que colocamos nessa pessoa deriva da maneira admirativa que temos da nossa própria existência. O leitor julga-se, ele próprio, excepcional. Daí que só alguém "ainda mais" extraordinário" o possa tocar.
Quando vemos que ele é alguém igual a nós; uma pessoa que desenvolveu um talento específico mas que ri, chora e muda de meias, tendemos a ficar desapontados. Aos heróis não são permitidas fraquezas.
Ora, num país que, já por si, não ama os seus escritores, só lhes é deixado o caminho do afastamento. Como muitos nomes que nós conhecemos fazem.
Arriscar uma opinião ou apresentar-se em pé de igualdade com os seus leitores é um exercício suicida. Só justificado pela compreensão de que a vida não se vive através dos livros. E que somos todos maravilhosamente humanos.
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